quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA VIDA DO CLUBE: AS ELEIÇÕES

As eleições são todas elas importantes. Legitimar o poder instalado ou mudar drasticamente de rumo reforça a importância de todos os actos eleitorais em si. Dia 26 de Março, o grau atingirá, seguramente, o ponto mais alto da escala. Nunca umas eleições foram tão urgentes e necessárias. A herança é pesada. Dramática. Muito mais do que se pensava. Urge aparecer alguém, não para 18 meses, nem para um só mandato. É necessário pulso forte e estabilidade. E coragem para se apresentar às urnas e agarrar no Sporting Clube de Portugal. Continuidade versus sangue novo é o que está em causa.   
Até à data, nesta “pré-época” surgiram dois candidatos que se apresentaram publicamente, um outro que ainda reúne o seu staff e outro que ainda diz estar a pensar. Um, curiosamente o primeiro que se deu a conhecer, já saiu de cena antes de arrancar mesmo. Vamos ver os outros.
Começámos por ver e ouvir José Braz da Silva. Falou, prendou a atenção dos media e dos sócios adeptos, acenou com capitais angolanos que entrariam em Alvalade por via da criação de um Fundo de Investimento no valor de 50 milhões de euros pronto a ser injectado nos cofres leoninos para a construção de uma equipa de futebol. Foi com esta bandeira que José Braz da Silva se apresentou como candidato à presidência do SCP e aterrou de pára-quedas no mundo muito peculiar do futebol português.  
Com discurso sedutor, entre aparições seleccionadas nos media, algumas delas revelando pouco conhecimento da realidade leonina e portuguesa, disse que o fundo que apelidaria de FIFA (Fundo de Investimento Fechado Ambição) não era “nem preto, nem branco, era capital sportinguista” e estaria aberto a todos os sócios que decidissem investir. Angolano, incluído. Só não explicou foi qual o valor exacto: 20, 50 ou 100 milhões de euros.
As palavras até prometiam cair bem numa massa adepta ávida de um urgente abanão e que tem vindo a questionar o status quo instalado desde o reinado Roquette. Era um discurso que quem vai ao futebol gosta de ouvir: comprar, comprar e comprar. Investir, e muito, no futebol. Soava a mel. Não ninguém o provou. Nem viu.
Na hora da despedida não resistiu ao normal desfilar de grandes nomes do futebol mundial, de treinadores a jogadores, todos eles com contrato já assinado em caso de vitória. Os desmentidos seriam sempre o lado B deste disco.
Com populismos e sound-bytes programados, este grito Suão dado por um ilustre desconhecido no universo leonino, sem melhor explicação de quais eram os verdadeiros objectivos e ideias que defendia, teve o seu quê sonho quixoteano misturado com uma (perigosa) tendência sebastianista.
Desistiu. Acusou interesses instalados e diz ter sido vítima de um “homicídio público” por sms, sofrendo acusações anónimas que atentaram contra o seu bom nome. Saiu pela porta (grande) do Ritz.

Bruno Carvalho foi o senhor que se seguiu. Em conferência de imprensa apresentou-se “sem complexos”, o slogan que escolheu para a campanha. Jovem empresário (39 anos) puxou dos galões a sua infância passada na Juventude Leonina e Torcida Verde. Falou de eclectismo e de maior potência desportiva nacional, prometeu a construção de um pavilhão, temas que tocam o coração de qualquer Leão, e acenou, também ele, com um Fundo de Investimento – Sporting Champions - para reforçar o futebol. Este, diverso na essência, é idêntico no valor (pelo menos num que foi adiantado) em relação ao primeiro candidato que se perfilhou: 50 milhões de euros. E é fechado a sócios e adeptos. Para breve, prometeu a apresentação dos investidores, sentados a seu lado.
Presidente da Fundação Aragão Pinto, Bruno Carvalho, desfilou 93 medidas que deseja aplicar no clube. Em relação ao futebol bebeu inspiração do modelo apresentado recentemente por José Eduardo. Criação da equipa B e redução do plantel para 20 jogadores. E promete dar ao futebol a grandeza de outrora.
A seguir com atenção os próximos passos.
Godinho Lopes. Vice-presidente de Dias da Cunha tem sido falado como candidato. A sua apresentação formal de candidatura tem sido, até à data, intermitente e adiada. Antes de se apresentar, desfilam nomes de apoiantes à sua lista. Luís Duque, Rogério Alves, Paulo Pereira Cristóvão, Carlos Barbosa e Nobre Guedes, o “pai” da reestruturação financeira, que transitará da demissionária direcção.
O candidato da continuidade é um fantasma que carregará até dia 26 de Março. E a alma leonina não parece estar muito inclinada para o mais do mesmo.
Demasiado discreto, dá a entender que também ele irá investir forte no futebol. O que a ser verdade é já o primeiro sinal que quer quebrar com a linha de pensamento dos seus antecessores, demasiado agarrados à reestruturação financeira, esquecendo-se do plano desportivo. 
Por fim, Dias Ferreira, o eterno candidato a candidato, volta a colocar-se na fila da frente da exposição mediática. Diz estar a pensar. Diz estar preocupado. Diz que poderá ser candidato. Dia 14 de Fevereiro, quando cessar as suas funções de presidente da Assembleia - Geral, logo se saberá.
Na anterior eleição desistiu. A ver nesta.   
MSS

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